A Terapia Focada nas Emoções (TFE) vem sendo desenvolvida nos últimos 30 anos por Leslie Greenberg e colaboradores, sendo reconhecida pela APA (2016) como uma terapia baseada em evidências para depressão, revelando também evidências de eficácia no tratamento de traumas complexos (Paivio & Pascual-Leone, 2010), no transtorno de ansiedade social (Shahar,2013), transtornos alimentares (Robinson, Dolhanty & Greenberg, 2015), além de conflitos familiares e de casais (Goldman & Greenberg, 2015).
A TFE destaca-se pelo seu caráter integrativo sendo um modelo de psicoterapia desenvolvido a partir da aplicação de descobertas neurocientíficas, de princípios humanistas e construtivistas com uma grande ênfase na relação terapêutica, na empatia e em intervenções vivenciais guiadas por marcadores específicos observados durante as sessões. Tem como objetivo principal a reorganização do sistema de significados do paciente a partir de processos experienciais e relacionais desenvolvidos para acessar e transformar as emoções (Greenberg, 2010a).
Neste modelo, as emoções e não os pensamentos, são consideradas o elemento organizador central da experiência humana. Ao invés de seguir o princípio de Descartes, “penso, logo existo”, terapeutas focadas na emoção seguem a máxima “sinto, logo existo”. As cognições não deixam de ter sua importância como um dos componentes principais da criação de sentido e portanto, também merecem atenção. O que leva as pessoas ao consultório porém, não é o pensamento distorcido ou disfuncional e sim as emoções. Uma vez ativada, a emoção é frequentemente impenetrável à razão. Faz– se necessário então, o detalhamento sobre as emoções de cada cliente, bem como as emoções que aparecem na relação entre cliente e terapeuta.
A TFE é informada também pelas descobertas recentes sobre a memória. Atualmente, há um consenso sobre a flexibilidade da mesma e a possibilidade de se alterar a carga afetiva. Não é a memória que é apagada ou algo do gênero e sim o impacto emocional, que se torna então o alvo da intervenção terapêutica. É neste sentido que dizemos que é possível mudar uma emoção com outra emoção. Podemos mudar o medo que sentimos quando ativamos uma memória de violação ou agressão, com a raiva. Podemos mudar a vergonha com a autocompaixão. Podemos aceitar a tristeza e assim, a partir da compaixão do terapeuta, nos sentirmos transformados.
O processo de psicoterapia focada nas emoções, é um processo intenso e rico em significados. Ele resgata a autenticidade, a compaixão e a gentileza entre os seres humanos. Os terapeutas passam a ser o suporte e a companhia para auxiliar o cliente a visitar caminhos dolorosos e lugares escondidos e proibidos dentro de si mesmo.
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