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Psicoterapia e a Pandemia do COVID-19


Marco Aurélio Mendes (CRP 05/31952) – TFE Brasil

marcomendespsicologia@gmail.com

 

Na última quarta-feira (11), a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que a Covid-19, nova doença causada pelo novo coronavírus, é uma pandemia. 

Levando-se em consideração o pouco tempo da doença e as orientações atualizadas com frequência, isto pode causar confusão e alarde na população em geral. A situação é grave sim e deve ser tratada como tal. É claro, porém que, em pessoas já fragilizadas como muitos de nossos clientes, o impacto é ainda maior. E nosso papel ganha destaque pois, somos as pessoas ideais para realizar as orientações adequadas, em função de termos uma relação de confiança e respeito com as pessoas que atendemos. Não podemos negar as evidências de grande poder de contaminação da doença e devemos orientar pessoalmente os clientes sobre isto, por mais que eles escutem as mesmas coisas nas notícias. A nossa voz, neste momento, é muito importante. E ela precisa ser afetuosa, acolhedora, mas também realista, para que possíveis excessos, negligência ou desespero, possam ser minimizados.

O acolhimento às emoções que provavelmente irão aparecer na terapia também é essencial. Precisamos estar especialmente atentos ao medo da contaminação e de possíveis perdas, a ansiedade decorrente da incerteza, a vergonha de se posicionar mais incisivamente com alguém negligente, a raiva com o descaso do outro e a tristeza do isolamento. Ao invés de apenas racionalizar sobre a doença, procure ouvir primeiramente as emoções do cliente. Elas precisam ser sentidas para então serem elaboradas. Isto não quer dizer que você não precisa falar sobre a racionalidade de como lidar com o problema. Significa apenas que você precisa escutar as emoções, que são a primeira resposta de alguém a uma ameaça. As emoções são muitas vezes impenetráveis à razão. Portanto, escute, acolha, explore as emoções junto com o outro,  para que você possa falar sobre as evidências para o tratamento da doença e assim ser ouvido.

Além disto, de nada adianta você falar e abrir espaço para que o cliente possa sentir isto tudo, se você mesmo não adota as medidas de cuidado necessárias. Somos profissionais do cuidado. Claro que todos queremos ser remunerados pelo que fazemos, mas jamais podemos colocar os aspectos financeiros na frente dos humanos. Se o seu consultório não tem ventilação adequada ou é muito pequeno, atenda online, caso você já tenha o seu cadastro no CFP. Se você não tiver o selo do CFP ainda, faça o seu cadastro. Entendo que, mesmo sem o selo, o CFP não irá se opor se você fizer um atendimento eventual neste momento de crise. Fique atento: não beije, não aperte as mãos, não abrace. Utilize o distanciamento social como prática. Atualmente, fazer isto é cuidar do outro. A distância pode ser apenas uma medida métrica. A proximidade afetiva vai para muito além do beijo e do abraço.

Não podemos esquecer também que nós, terapeutas, somos humanos e frágeis. Podemos também sentir medo e ansiedade, entre outras coisas, e é importante reconhecer o que acontece com nós mesmos. Não há nada de errado em sentir medo e ansiedade, caro terapeuta. Estamos na linha de frente de combate à doença, no que se refere aos aspectos psicológicos. Encare e aceite o seu medo. Elabore bastante estas emoções pois elas também podem te ajudar a se conectar com o outro. Acima de tudo, ORIENTE.  Se você tem vinte clientes bem orientados, que por sua vez, orientam adequadamente as pessoas próximas, você estará cumprindo um papel social fundamental. Isto em minha opinião, faz parte do que é realmente ser psicólogo.

Sigamos em frente.



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